O voo da Ave

20-02-2023

Se não encontro a palavra é porque tento estender no branco uma outra brancura; sei-a presente, sei-a em movimento, sei-a fundamento de um sentido...fundamento. As tuas mãos percorrem a distância de muitos mundos incompletos. Muitos mundos nos contam as tuas mãos porque a elas os mundos pertencem, e porque delas padecem os mundos.


Há mil segredos transversais a todos os mundos. Como a luz, os segredos são imensos, respiram sob formas precisamente contidas, e voam alto, tão alto que não parecem estar de verdade contidos...mas estão. As mãos são o voo da ave, e a voz é a forma da ave. E porque sob uma tão bela forma, e por ser o teu segredo único e transversal ao fundamento de todo e qualquer mundo, a ti recorrerão os rios.


Dou-te uma palavra branca, feita de água imutável que percorre a forma de qualquer caminho...dou-te esta palavra porque ela te pertence, seja onde for, esta palavra é tua e não se apaga em nenhum lugar. Não a encontro aqui no branco, mas sei-a presente, em movimento, fundamento de um sentido...fundamento.

Dou-te esta palavra sem traço que a forme, porque não tenho como fragmentar o mar. E dou-te esta palavra porque amo a beleza das fontes. Ela respira num segredo indizível, belo e irrepetível. Que respire pois, e busque inteira o voo da ave na tua voz.