O Tambor Xamânico
Chamo-lhe "o Mestre", o Tambor Xamânico que me acompanha desde Fevereiro de 2017. Surgiu na minha vida após um retiro de 10 dias de Meditação Vipassana, uma vivência repleta de revelações tanto durante o dia em meditação como durante os sonhos. Nesse retiro ficou evidente em mim a fonte de ligação a esta voz xamã que atravessa as vidas e eras para se manifestar de forma independente da cultura. A essência xamã é espírito tão aberto como é aberto o céu do cosmos, e a sua manifestação não só é independente dos tempos, como também das roupagens.
O meu tambor tem a sua própria linguagem e desperta no meu corpo físico uma energia que é minha e não só minha ... basta tocar uns instantes e de imediato Sou mais que Eu ... como entender e explicar isto? Apenas com a experiência, com o testemunho vívido! O tambor é a Síntese, um ponto de Convergência além do compreensível!
Algo que considero fundamental no abraço à linguagem singular e universal do tambor: hoje, na expressão multifacetada desta vida globalizada é fundamental reconhecermos a cultura que está na vontade da nossa Alma! Qual é a cultura que melhor designa a minha Alma nesta vida...e enfim, qual a cultura onde a minha Missão encontra a matriz linguística consonante? Esta descoberta é tão importante como a descoberta da espiritualidade do Oriente e dos Índios pois há tantos sistemas de fuga que ativamos devido a traumas do passado, individuais e coletivos dentro de nós e dos nossos micro e "macrocírculos".
Refugiar-se numa cultura por fuga pode ser agradável à partida, mas é inevitável o contínuo enfraquecimento da Chama da Criança Interior. Não fugir da cultura, antes entendê-la na sua essência e dar à sua memória o sabor da matriz divina onde tudo está perfeitamente integrado é condição da expressão da Alegria Pura! Isto é, para não fugirmos da nossa Alma há que integrar o Eu na família, no país, no continente e na esfera total até à estrela. Esta integração nunca foi tão fácil de ser feita como hoje, alegremo-nos pois! São imensos os recursos, é imensa a informação e com um tambor xamânico na mão, a vida abre-se ao eterno com a força de mãos que seguram o ritmo natural da vida! Cantar com o tambor de modo livre e aberto, sem conceitos mentais que prendam o gesto, é estar vivo com todo o Ser verdadeiramente vivo!
Aqui nesta foto, no Convento dos Capuchos, o tambor esteve sempre em silêncio para ouvir os murmúrios da natureza ... o silêncio apoderou-se do tambor e ele foi árvore portuguesa ... essa que está, com tantas outras, unida ao pulsar do Coração da Terra. E escutando este pulsar telúrico, e neste Convento, português, o tambor entendeu o tactus concordante, e toda a memória não só disse amén à raiz portuguesa, como também se mesclou amorosamente com o espaço sem idade elevando a dor ao céu da Glória. Glória na Memória, Glória em todos os Lugares da Vida.